de quem é o traço?

sempre gostei de pegar nas coisas, ver de perto, tocar. quando pequena, meu pai me xingava, dizendo que a gente não deveria ver com as mãos. depois de uns anos, ganhei belos óculos azuis que amortizaram a minha hipermetropia. desde então posso guardar uma distância segura das coisas, sem quebrá-las.

aprendi belas virtudes com meu pai, dentre elas, a teimosia. com os óculos, enxergo bem, mas a minha necessidade tátil não foi saciada. o que não consigo tocar, invento, rabisco, descrevo para que faça sentido, para que toque o sentido.

há, no meu sangue, minúsculas luas crescentes e milhares de foices vermelhas que diariamente tentam agarrar o ar. as manias correm nas veias. essas pequenas células que por aqui passeiam me inspiraram a tracejar palavras, ainda de forma incerta. são diárias tentativas de tocar a poesia nossa de cada dia. conversemos, pois!

um grande beijo, luísa bahia.

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