Os indianos são para nós todos iguais.
Os brasileiros são para vós todos iguais.
Os índios são para os portugueses todos iguais.
Têm ausentes os pêlos e as roupas, isto basta.
Os negros são para os portugueses todos iguais.
Têm grandes os dentes e as ancas e isto basta.
O espelho é formado por duas faces, uma de vidro e uma de prata.
A luz não atravessa a prata, a prata não absorve a luz.
Vê-se no espelho não pelo vidro e sim pela prata.
O vidro transparece, a prata reflete.
Com a prata, tem-se o espelho.
Com o ouro tem-se a rapa.
O barbudo dá o espelho para o índio.
O índio dá o colar pra o barbudo.
O barbudo dá a cruz para o pelado.
O índio dá o pau (Brasil), abençoado.
Anauê!
A negra dá o leite na boca dele.
A negra dá o ouro no bolso dele.
Ele dá a ela o couro, na pele dela.
Ele dá a ela a curra, na carne dela.
Anauê!
Anauê – quer dizer você é meu irmão, para os índios
Anauê – quer dizer o mesmo para os fascistas nacionais.
Suástica – quer dizer aquilo que traz sorte, em sânscrito
Em todas as outras línguas a palavra não teve a mesma sorte.
Anauê, disseram os nazistas aos arianos.
Aos judeus, não disseram nada.
Sem a prata o espelho não seria tanto?
Sem o espelho o ouro não seria pouco?
E nós não teríamos tido essa tal sorte?
Se houvesse um espelho,
bem no meio do oceano
Que grandes povos teríamos à vista?
Sigamos cautelosos no remar.
Pois se quebrar
São no mínimo sete,
anos de azar.
Lu estou um pouco surpresa com tanta novidade! Gosto da sua poesia. Ela é direta, sincera e sai do coração. Amo poesia. E para mim o significado das palavras tomam rumos inesperados. Continue escrevendo e nos encantando com mais esse dom. Com carinho, Mamyta
=) Muito bom! =)