Carta para Janis Joplin

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Cara Janis Joplin,
Te escrevo do futuro, de um caótico 2016. O ar é denso, muitos descabimentos e conservadorismos por aí. Neste novo milênio ainda bradamos por liberdades que você já cantava nos anos 60. Sou uma garota latino-americana, brasileira, artista e tenho 27 anos. No tempo congelado você também tem 27 anos. Capricorniana que é, em breve completaria suas 28 primaveras. Mas sua intensidade te fez partir antes. Não dar conta da própria existência é algo muito louco. Te escrevo essas palavras sob um belo sol de verão, ouvindo os seus maravilhosos agudos destemidos. Que lindo sentir você cantando a paixão e o quanto ela nos tira da rota, nos leva ao improviso a cada segundo. “Baby, porque o amor é como estar numa prisão!” Quando pequena eu não tinha ídolos. Sempre achei essa história uma espécie de cegueira desnecessária. Hoje tenho várias musas e musos que me inspiram a implosões, êxtases, ímpetos de arte e vida! Devo dizer que suas ousadias, distorções e cabelos soltos me libertam! Hoje não sei o que você é, aonde está! Com certeza não é um corpo em decomposição. Já deve ter virado raiz forte, uma borboleta, uma tigresa, lava de vulcão ou a nota si! Nos encontramos por aí.
Te evoco em cada grito, eu sei que você escapa um pouco por eles.
Cantar é um tesão! Muita luz pra ti.
I love you, baby.
Luísa Bahia.

Foto: Maíra Cabral

Sobre Luísa Bahia

Artista residente em BH, 27 anos. Atriz, cantora, dramaturga, diretora e poeta. Atualmente circula com seu solo teatral RISCO, prepara seu show autoral e conduz oficinas de artes integradas. Investiga a VOZ em seus múltiplos sentidos: som, movimento, palavra, escrita, cena e manifestação da nossa presença no mundo.
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